quinta-feira, 19 de agosto de 2010

E quando a Lua...



Enquanto o Sol me aquece, encontro-me devasso em pensamentos; pensando em você.
E quando a Lua, encantando no sólido firmamento, me induz a outras esferas, viajo até você.
Nem dono; nem servo; nem medida; nem medidor eu sou.
Se choro, não decifro. Se sorrio, faço todos compreenderem.
Não poderei cobrar quando a Lua me cobrir; não poderei mentir nem
emitir, quando a Lua, sobre mim, agir. Serei tudo; darei tudo; amarei em
totalidade, pois assim o faço sempre, conhecedor ou não.
De escassez não passo segundos, nem deixo que assim vivam.
Dou a flor para nutrir, pois isso, por si só, nutri-me também.
Aplacado pelo meu próprio sentimento, meu único libido é continuar sentindo.
E no mergulho nessa tenacidade íntima, ébrio eu fico, no Amor que sinto
por você; mais rara pedra cristalina; mais bela e hábil dançarina.
Nada simples, mulher completa.
Mulher verdadeira que meu genuíno amor atreveu-se a amar.
Sem ludibriar, sustar e moderar ! O meu júbilo é mesmo...te amar!


Marcos Vinícius

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Somos Shiva Shakti




Em certo estado, meu Ser, sem poder ser medido nem ser descrito, ao seu Ser se prostra em devoção.

Meu corpo o seu afaga.

Envoltos em magia agora transcendente, podemos experimentar o amor da criação.

Mergulho minha existência em sua delicada vida

Sua existência aceita a vida que em ti mergulha

As palavras fogem

As palavras não importam

Somos união cósmica

Geramos, destruímos, tudo podemos

Minha dança e meu ritmo entrelaçam o seu dançar

Somos aqui embaixo como somos encima

Cristais de amor correm por nós sem percebemos

E ao perceber, nos vemos estrelas que agora brilham como nunca.

Não podemos mais diferenciar aqui de lá

Não podemos mais encontrar Deus, pois aqui ele está.

Todo o poder em um único movimento

É todo gracioso

É todo divino

A sublime canção em freqüente expansão

Mais vivos, mais densos, mais portadores da chave de libertação.

Somos pequenas ancoras do grande navio divino

Somos Shiva Shakti




Marcos Vinícius

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Em minhas mãos


Seguro em minhas mãos, agora morrendo, a flor que eu não soube cultivar

Volto ao mundo do qual a paixão dessa rosa me tirou

Lamento

Lamento

Lamento

Em um gesto de desespero

aperto a flor contra meu coração

na esperança de meu amor novamente dar-lhe vida

Mas ela apenas chora

Ela apenas morre

Ela se deixa levar

Minhas lágrimas a molham, mas o sal que sai de mim parece não nutri-la

Eu não quis feri-la

Por Deus!...Eu jamais faria!

Era tão bela que, ao vê-la morrendo, notei a vida esvair-se de mim também

Temos nossos últimos segundos

Ou nos amamos e à vida ascendemos

Ou nos deixamos e à morte nos rendemos



Marcos Vinícius

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Aviso!

Pela vontade de nosso queridíssimo amigo escritor e editor deste blog, viemos por meio desta avisar que os textos deste ilustre escritor, por hora, não serão mais dedicados a área sentimental visando a elevação das vibrações, a bem-abenturança com o divino e a beatitude constante do mesmo. Por estas razões, nosso amado futuro guru em desenvolvimento, estará lançado aos pés de lótus do Senhor Shiva, buscando a cada instante reter o máximo da poeira dos imaculados pés, e deixará desde já, ausente sua doce contribuição de paixão mundana à esse blog.
Pedimos que vossos ardentes corações resistam a essa difícil, mais breve, ausência. Ele, buscando sendas mais sutis de conhecimento, voltará trazendo os resultados de seus deleites divinos com o intento de poder contribuir de alguma maneira, nem que seja a menor possível, para o caminhar de vossos passos.
Avisamos também que suas novas contribuições - as dele, o futuro sábio - serão direcionadas a outro blog, qual ele está buscando canalizar através de sua enferrujada, porém potencialmente Macrocósmica, meditação. Sua intenção é dar um ar mais elevado e mais espiritual ao blog para que seus caros frequentadores possam situar na mesma vibração que ele pretende estar. Publicaremos aqui o endereço assim que ele - a amada criança - nos enviar os dados.

Fazemos agora o nosso ultimo pedido. Pedimos para que vocês, centelhas divinas, orem por ele com amor e sinceridade, e que estejam confiantes que esse Iluminado Ser possa, de fato, se iluminar. Acreditemos cegamente nisso, pois ele, aquele quem ama a todos nós e ainda não sabe; ele, nosso recém nascido e futuro grande Mestre, acredita.

"Que todos sejam em amor! Que todos sejam em paz! Que todos sejam felizes!". Esses são os ultimos votos, para vossas senhorias, de nosso querido Budinha em desenvolvimento.
Nós desejamos fé, esperança e coragem para todos nós e vós. Fiquemos sempre bem!




Atenciosamente, a direção.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Com amor te sirvo o amor



Ao contrario de Tan Sen,
Seu canto acende a vida em mim;
Alegra veemente o meu sorriso;
Desperta com mais clareza a luz do meu olhar;
Encontra no fundo do meu Ser o coração do que digo,
Reflete e mostra a mim também;
Toca-me sutilmente causando abalos em minha harmonia;
Harmoniza-me com sutis abalos sem ao menos me tocar;
Serve-me do vermelho, serve-me o vinho,
Serve-me esperando amor
E eu, apaixonado pelo seu puro sabor,
Com amor te sirvo o amor.


~Marcos Vinícius de Moraes~

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Há sempre o que haver




Há certas coisas que não conseguimos prever

Há certas coisas que não podemos simbolizar

Há certas coisas que simplesmente sentimos

Outras que não podemos explicar

Há sempre o que haver

Há sempre um novo modo de amar

A coisa é deixar acontecer

Amar sempre o deixar

Pro amor de outra forma aparecer


~ Marcos Vinícius de Moraes~

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Tento me enganar




Tento sorrir

Tento me enganar

Tento não sofrer

Tento não chorar


Tanto há a tentar

Tanto no coração,

Tanto quanto na razão

Quanto desse tanto não é só ilusão?


Tentando

Atentando

E atento ao corrimão escorregadio da tentação


Temo tanto cair!

Temo tanto não levantar!

Temo ainda mais levantar sem ao menor cair


Temo tentar e me enganar na ilusão

Tanto quanto temo sofrer com a razão



~Marcos Vinícius de Moraes~

domingo, 6 de junho de 2010

O Amor - Gibran Kahlil



Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos
Como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa,
Assim ele vos crucifica.
E da mesma forma que contribui para vosso crescimento,
Trabalha para vossa queda.
E da mesma forma que alcança vossa altura
E acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes
E as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma
No pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós
Para que conheçais os segredos de vossos corações
E, com esse conhecimento,
Vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor,
Procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez
E abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações,
Onde rireis, mas não todos os vossos risos,
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.
O amor nada dá senão de si próprio
E nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui, nem se deixa possuir.
Porque o amor basta-se a si mesmo.
Quando um de vós ama, que não diga:
“Deus está no meu coração”,
Mas que diga antes:
"Eu estou no coração de Deus”.
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor,
Pois o amor, se vos achar dignos,
Determinará ele próprio o vosso curso.
O amor não tem outro desejo
Senão o de atingir a sua plenitude.
Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos,
Sejam estes os vossos desejos:
De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho
Que canta sua melodia para a noite;
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor
E de sangrardes de boa vontade e com alegria;
De acordardes na aurora com o coração alado
E agradecerdes por um novo dia de amor;
De descansardes ao meio-dia
E meditardes sobre o êxtase do amor;
De voltardes para casa à noite com gratidão;
E de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado,
E nos lábios uma canção de bem-aventurança.

~ Gibran Kahlil Gibran ~